COMPLIANCE

Já não é mais um diferencial, é necessidade!


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Por Ricardo Santos - Colunista e Consultor em Gestão


Se teoria e prática formam a combinação perfeita para aprender, então chegou a vez do Brasil.

O Brasil passa atualmente por um dos momentos mais importantes em sua história política, vários escândalos de corrupção sendo descobertos, frutos de um trabalho de investigação iniciado em um posto de gasolina – de onde surgiu seu nome – a Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014, tinha foco num grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos, e que agora se alastra por todo território nacional inflamando várias instituições públicas e privadas em todos os setores.


Neste contexto, o mundo empresarial é fortemente impactado e algumas terminologias e conceitos até pouco tempo mais restritos à literatura contábil e financeira começam a ganhar mais destaque, o que é normal numa era onde a informação transita pelo mundo em fração de segundos e novos pontos de vista, novas práticas e principalmente novos desafios vão surgindo.


O termo Compliance, por exemplo, que significa “estar em Conformidade” vem se inserindo gradativamente no mundo dos negócios, começando por grandes companhias e agora cada vez mais presente no vocabulário de empresários, de contadores e consultorias especializadas. Isso porque definir tarefas claras e que estejam de acordo com as regras pré-estabelecidas já não é mais um diferencial competitivo que pode ser implementado nas empresas, virou obrigação.


Outros termos também vão aparecendo tais como: Fairness (senso de justiça e igualdade); Disclosure (transparência); Accountability (prestação de contas); Effectiveness (eficácia); due diligence (processo de investigação e auditoria nas informações de empresas), etc. O foco será sempre em aperfeiçoar a gestão de negócios, com ética e transparência, atendendo às novas demandas de investidores e consumidores dentro de um novo mercado cada vez mais exigente.


Mesmo negócios menores só sobreviverão se adotarem políticas sustentáveis e acima de tudo éticas, que possam conduzir a empresa numa trajetória social e ambientalmente corretas. Na verdade esse comportamento passa a ser vital para os negócios modernos. As novas normas internacionais de relatórios financeiros IFRS - International Financial Reporting Standards - buscam um mercado globalmente eficiente, e se antes essa convergência era uma tarefa da contabilidade agora passa ser um desafio de todos.


No Brasil estamos caminhando rumo a estas boas práticas, precisamos amadurecer muito, a começar pela nossa jovem democracia. O brasileiro descobriu que pode impedir Presidente da República, descobriu o poder da Carta Magna brasileira (Constituição Federal) e fica nítido que o momento será de “fabricação” de políticos e empresários mais sérios e comprometidos em desempenhar o seu papel de maneira honesta e íntegra. Não é necessário muita reflexão, em meio a esta “lavagem de roupa suja”, para concluir que há grandes chances de que a nova remessa de eleitores e consumidores venha mais crítica, buscando respostas e principalmente fazendo as perguntas certas.


Temos um Brasil ainda obscuro no curto prazo, mas promissor no médio e longo, a sensação é de que estamos “arrumando a casa”. Investidores mais experientes montam suas posições vislumbrando o futuro e já enxergam altas taxas de retorno de capital presentes num país ainda barato. A Gestão Baseada no Valor, nas práticas sustentáveis e de responsabilidade socioambiental, ética e transparência serão pré-requisitos básicos para a chamada “nova demanda”.


Uma coisa é certa, nunca na história o cidadão brasileiro esteve tão ciente do tamanho do estrago que seus “líderes” políticos foram capazes de arquitetar contra seu país, e isso poderá trazer reflexos positivos daqui para frente, pelo menos no que tange ao combate à corrupção sistêmica alojada no país desde os primeiros anos de sua jovem democracia.


Certamente parte do nosso sucesso virá de nós mesmos, de nossa “conduta anticorrupção”, de novas práticas e políticas em sintonia com o novo mercado. Afinal somos o Brasil, fomos introduzidos não por acaso nos BRICS (grupo de países emergentes mais promissores do mundo) e ainda temos muitos “diamantes não polidos”.


Ricardo é Consultor em Gestão (CRA 141499) e Especialista em Gestão Baseada em Valor / Valuation pela FEA/USP-RP Contato: ricckhenrique@gmail.com
WhatsApp: (16) 99186-4113



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