Joaquinense na Irlanda contrai COVID-19
Morando em Dublin, Mariana Melon contraiu o virus quando surgiram primeiros casos
Há 18 meses
morando em Dublin na Irlanda, a joaquinense Mariana Ribeiro Melon
está entre os dois milhões de pessoas infectadas pelo covid-19 no
mundo, até hoje, 13 de abril.
Profissional da área da saúde, ela contraiu o vírus logo quando começaram os primeiros casos no país e as pessoas ainda não estavam em isolamento.
Ela conta que no primeiro dia sentiu uma leve dor de garganta e um desconforto respiratório para dormir, mas pensou que não fosse nada demais. No segundo dia apresentou tosse seca e quando começou a febre, ficou realmente mal. “Liguei para ambulância e eles me levaram para o hospital, onde fiquei internada por três dias. Meus sintomas foram: tosse seca, febre, dores musculares e depois percebi a perda do olfato e do paladar”, relata.
Mariana foi tranquilizada pelos médicos, que a orientaram que, por ser jovem, teria uma recuperação sem riscos. Seu tratamento foi à base de paracetamol e isolamento. Após dez dias do inicio da doença, já não sentia mais os sintomas e seu paladar e o olfato voltaram ao normal. “Os médicos me ligaram duas vezes após a alta para perguntar meus sintomas e verificar a função respiratória, mas eu mantive a saturação normal durante todo o tempo”.
Ela conta que seu maior medo foi estar hospitalizada em outro país, sem saber como seria o atendimento. Ter que se comunicar em inglês com os profissionais de saúde também não foi uma tarefa muito fácil, afinal ela queria saber tudo e às vezes faltava vocabulário de termos técnicos. “Mas fui surpreendida positivamente e o atendimento foi ótimo. Os irlandeses estão muito preparados, eu tive acompanhamento médico durante e após a alta”.
Para ela, o isolamento foi a parte mais difícil. Ficou 15 dias no quarto sozinha, com seus colegas de apartamento preparando e levando a comida no quarto, pois era importante o não contato. “Mesmo assim, acho que encarei bem, recebi muitas mensagens de carinho e de apoio da minha família e dos meus amigos no Brasil. Mas confesso que quando vi outros pacientes hospitalizados destampei a chorar, porque eu sabia que sairia dali bem, mas não sabia se eles sairiam. Um enfermeiro me vendo chorar sentou e chorou comigo. Foi lindo e foi confortante”.
Hoje Mariana está bem e voltando as suas atividades normais, mas não fez novo exame para confirmar a cura, pois é importante dar prioridade aos que estão adoecendo e com sintomas mais graves. A Irlanda registra hoje quase 10 mil infectados, com 334 mortes, estando em quarentena há mais de 30 dias.
É permitida a saída da moradia apenas para fazer compras essenciais (supermercado ou farmácia), mas não ultrapassando 2 km de distância da residência. Quem ultrapassar sem necessidade está sujeito à multa de € 2.500 ou seis meses de prisão. De acordo com Mariana, o governo está ajudando todas as pessoas que foram economicamente afetadas (perderam o emprego ou tiveram horas de trabalho reduzidas) com o valor de € 350 por semana.
O primeiro ministro, Leo Varadkar disse que as “ações radicais” são destinadas “a salvar a vida de tantas pessoas quanto possível”. Varadkar é médico e voltou a exercer a profissão uma vez por semana para ajudar de perto a população.