5 MOTIVOS QUE LEVAM PESSOAS A PEDIR AJUDA NA PANDEMIA
Confira como mudanças de comportamento impostas pela doença se refletem nos chamados ao CVV – Centro de Valorização à Vida
Estar triste ficou comum?
Estudos apontam que cerca de 35 milhões de brasileiros em
algum momento da vida pensarão em cometer suicídio, por diversos motivos. Com o
novo coronavírus, o perfil destes homens e mulheres ganhou novos contornos.
Da ansiedade pelo fim da pandemia aos novos conflitos
domésticos que o coronavírus trouxe, as mudanças de comportamento impostas pela
doença se refletem nos chamados ao CVV – Centro de Valorização à Vida, em
diferentes temas. Confira a seguir os principais:
HIPERCONVIVÊNCIA EM CASA
Em maior ou menor grau, famílias em todo o mundo estão
passando muito mais tempo juntas em tempos de coronavírus.
A convivência nos lares (mudou): nas famílias saíam a esposa
e o marido para trabalhar, o filho ou a filha, para estudar, e de repente eles
estão convivendo agora muito mais próximos. E os sentimentos ficam muito mais
presentes.
Assim, a interação que antes se restringia às manhãs e noites, em muitos casos, passa a ocupar todo, ou quase todo, o dia. Muitas vezes em lares pequenos, apertados, sem opção de "fuga".
Publicidade

Por exemplo, quem faz a comida. Quem lava a louça. Quem
cuida dos mais novos ou dos pets. Quem faz faxina. É preciso negociar uma nova
redistribuição de tarefas.
O caminho é conversar sobre o tema com a família em busca de
um arranjo que seja mais confortável para todos. Ou falar com alguém de
confiança: parentes, amigos, profissionais de saúde ou voluntários do CVV.
O LUTO INCOMPLETO
A covid-19 se espalhou pelo mundo e já matou quase 2 milhões
de pessoas.
Em média, cerca de 5.000 pessoas morreram por dia, 35 mil
por semana e 150 mil por mês.
O Brasil foi um dos países mais atingidos. A primeira morte
foi registrada em São Paulo no dia 12 de março. Desde então, mais de 200 mil
pessoas morreram.
O total de mortos só é menor do que o dos Estados Unidos,
com 375 mil óbitos.
A presença da morte mudou — e a forma como nos relacionamos
com ela também.
FALTA DE SEPARAÇÃO ENTRE PROFISSIONAL E DOMÉSTICO
O sonho do "home-office", ou trabalho de casa, se
tornou, na prática, um pesadelo para muitos.
A mesa de jantar vira escritório, a cadeira é
desconfortável, o vizinho (ou o quarto ao lado) é barulhento, as contas ficaram
mais caras, as refeições acontecem em meio a computadores e documentos.
"Às vezes, a pessoa está realizando seu trabalho
profissional em sua casa e de repente acontece uma invasão com um assunto
familiar", exemplificou Antônio Batista, voluntário do CVV.
Essas experiências vão se acumulando e podem chegar ao ponto
de gerar sofrimento real entre familiares.
Ele recomenda cuidado.
"É preciso cuidar para que os horários estejam
organizados para que se possa ter foco profissional, ou nos afazeres
domésticos."
Muitas vezes as coisas se "atropelam" e as pessoas
não pensam com clareza no impacto dessa falta de limites claros.
Mais uma vez, a sugestão é conversar — seja entre familiares
ou com chefes e colegas de trabalho.
ANSIEDADE
Quando as primeiras notícias sobre o novo vírus chegaram,
muitos pessimistas lamentaram que a "vida mudaria nos próximos
meses".
Mais de um ano depois, mesmo com o desenvolvimento promissor
de vacinas, a pandemia está longe de um desfecho e o que se entendia como
"vida normal" não deve voltar a acontecer tão cedo, segundo
especialistas.
"Depois de tomar a vacina, é preciso voltar para casa,
manter o isolamento social, aguardar a segunda dose e depois esperar pelo menos
15 dias para que a vacina atinja o nível de eficácia esperado", explicou
há algumas semanas a bióloga Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão
de Ciência.
Além disso, imunizar a maioria dos 7,8 bilhões de habitantes
do mundo será uma tarefa imensa. Nada nesta escala já foi tentado antes.
As vacinas e seus equipamentos — como os frascos para
transportá-las — precisam ser fabricados em grandes quantidades. O fornecimento
de vacinas pode não ser suficiente para atender a demanda por algum tempo.
ECONOMIA
Não já somente o desemprego, mas também a perda de negócios.
Pessoas que estavam em um crescente, que investiram e de
repente têm que fechar. Ou, às vezes, sofrem por como se relacionar com
empregados e ter que dispensar empregados. Ou o sacrifício de manter os
empregados. A incerteza.
Até o fim do ano, o Ministério da Economia calculava que o
impacto de medidas econômicas adotadas na pandemia equivale a 8,6% do PIB
(Produto Interno Bruto), a soma dos bens e serviços produzidos neste ano.
Um baque recente e rumoroso aconteceu em janeiro, quando a
Ford anunciou que fechará suas três fábricas no país — em Camaçari (BA),
Taubaté (SP) e Horizonte (CE). Como resultado, quase 5.000 trabalhadores da
Ford perderão o emprego. Mas, segundo cálculos de governos locais, com as
empresas agregadas, que prestam serviços para a Ford, serão mais cerca de 7.000
empregos afetados: 12 mil sem empregos no total, fora o impacto no comércio que
girava em torno da empresa.
A CVV foi fundada em 1962 e hoje
tem 4,2 mil voluntários atendendo a mais de 3,5 milhões de contatos por ano. Se
precisar de ajuda, ligue no número 188 (ligação gratuita para telefones fixos e
celulares), ou entre em contato pelos chats (pelo site https://www.cvv.org.br/) e e-mail (https://www.cvv.org.br/e-mail/).
Fonte: BBC Brasil














