COM CRISE OU SEM CRISE
O Caixa é o segredo!
Por Ricardo Santos - Colunista e Consultor em Gestão
O assunto “Fluxo de Caixa” é uma preocupação constante de todas as empresas, independentemente do porte ou segmento de atuação.
Num cenário de recessão econômica esta preocupação se acentua, e observar o comportamento do caixa passa a ser tarefa vital para a continuidade de qualquer negócio.
A Gestão do fluxo de entrada e saída de recursos financeiros assume papel cada vez mais relevante na gestão moderna de empresas, e um olhar mais crítico nesta dinâmica do dinheiro no tempo pode captar informações importantes possibilitando uma gestão mais estratégica dos resultados dos diversos recursos alocados nas operações.
O Fluxo de Caixa de uma empresa deve ser compreendido não apenas como uma ferramenta de monitoramento das contas a pagar e a receber num período, mas como um “ambiente” no qual estão presentes todos os recursos utilizados por ela. Apesar de pouco perceptível, além do financeiro, todos os outros tipos de recursos transitam pelo caixa no tempo, numa dinâmica de entrada e saída, sejam eles: recursos humanos; materiais e tecnológicos.
De forma ainda mais analítica, recursos intangíveis também estão presentes no caixa, tais como: expectativas de crescimento; risco; economia; política; cultura; responsabilidade socioambiental; marca; ética e valores, etc.
A combinação eficaz desses recursos aliada a uma gestão ótima é fator determinante para o sucesso de uma empresa. Um “Valuation” (método que calcula o valor econômico justo de empresas em casos de venda, aquisição, liquidação, e outras finalidades econômicas) é composto em média por 60% de recursos intangíveis, recursos estes presentes no caixa e que são projetados para um período futuro, normalmente de 5 a 10 anos, sendo descontados a valor presente por uma taxa de juro que os represente, ou seja, uma empresa vale hoje a sua capacidade de gerar caixa “amanhã”, realmente cabe uma reflexão mais aprofundada acerca do real conceito de Caixa.
Existem na literatura diversas estratégias para uma boa gestão do Caixa. Seguem algumas das principais:
• Gestão da necessidade de capital de giro, através do cálculo dos prazos médios de estocagem; fabricação; vendas; pagamentos a fornecedores e recebimento de clientes. O objetivo desta estratégia é descobrir o descasamento de prazos entre contas a pagar e a receber. Quanto menor o descasamento de prazos, ou seja, tempo em que a empresa estará funcionando sem recursos próprios, menores serão as necessidades de recursos no caixa, podendo ser aplicados em opções de investimentos mais rentáveis.
• Análise criteriosa na concessão de crédito, que seja compatível com o perfil de cada cliente e com o risco do negócio, pois mais importante do que vender, é vender e receber, caso contrário a empresa não se viabiliza no mercado.
• Evitar a redução de prazo de pagamentos a fornecedores junto com aumento de prazos concedidos a clientes, esta é uma combinação terrível, principalmente em períodos de recessão econômica, onde as vendas já são menores.
• Redução de prazos concedidos a clientes.
• Negociação com fornecedores, para aumentar o prazo de pagamento das compras, sem que o juro de correção deste prazo supere a inflação do período.
• Treinamento dos funcionários que atuam em todo o ciclo operacional da empresa (desde a compra de insumos/matéria-prima até o recebimento das vendas)
• Otimização de processos, para redução do tempo de estocagem, fabricação e venda.
• Disseminação do conceito de Gestão Baseada em Valor por toda a empresa.
Portanto, uma Gestão Baseada em Valor, dentre outras características, compreende o caixa não apenas como uma ferramenta de controle orçamentário, mas como um “ambiente” onde tudo acontece e onde todas as informações econômicas sobre o negócio estão concentradas, por isso, olhar para o caixa é tarefa fundamental, com crise ou sem crise.
Ricardo é Consultor em Gestão (CRA 141499) e Especialista em Gestão Baseada em Valor / Valuation pela FEA/USP-RP Contato: ricckhenrique@gmail.com
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