SUA CIDADE É APENAS LEGAL OU VOCÊ A AMA?

Por Aline Tuzzi


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Muitas pessoas não se sentem pertencentes à cidade em que vivem. Isso se dá ao fato de não serem planejadas para pessoas e sim para os veículos que ocupam 40% do espaço de uma cidade.


As nossas cidades priorizam o transporte individual que ocupam um espaço grande e desloca um número muito pequeno de pessoas.


Precisamos melhorar a nossa mobilidade urbana, não apenas nas grandes metrópoles, mas também nas cidades pequenas, que apesar de não enfrentarem as mesmas dificuldades das cidades grandes, também têm na mobilidade um gargalo para seu desenvolvimento, problema normalmente deixado de lado pelo Poder Público.


A maioria das cidades do Brasil são pequenas, menos de 100 mil habitantes, como é o caso de nossa São Joaquim da Barra.


Mesmo pequena, o caos no trânsito já faz parte da nossa realidade cotidiana, chegando ao ponto de gerar um certo comodismo entre a população, frente a essa bagunça generalizada.


O trânsito tem consequências diretas sobre a saúde da população e a economia da cidade.


Quem nunca deixou de ir tomar um café no centro ou entrar em uma loja por falta de lugar para estacionar? Ou quem nunca se estressou com as bicicletas que andam na contramão e fazem manobras arriscadas entre os carros por falta de ciclovias e sinalização?


Uma das grandes inspirações para a maioria dos os arquitetos e urbanistas que desejam ver o Brasil evoluir nesse aspecto é o arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl, reconhecido por projetos que melhoram a qualidade de vida urbana.



Jan Gehl defende que o planejamento urbano é uma plataforma para as pessoas serem felizes. Ele foi o responsável por mudar a cidade de Copenhague a partir da década de 1960, transformando a cidade de amigável para os carros, para confortável para os pedestres, tornando-se referência mundial em planejamento urbano.


Recentemente lançou um guia para os prefeitos, sugerindo 5 estratégias fundamentais para melhorar a vida das pessoas e recuperar os espaços públicos.


1. MEDIR: uma metodologia inicial para planejar políticas públicas orientadas a melhorar esta vida pública, é quantificar os espaços públicos da cidade e identificar em quais as pessoas passam mais tempo. Somado a isso, pode-se estabelecer métricas voltadas às pessoas com o objetivo de reconhecer seu comportamento nestes lugares.


2. CONVIDAR: a participação da comunidade no desenvolvimento dos projetos urbanos é mais comum quando as iniciativas já estão definidas, segundo o que está proposto no guia. Por isso, planeja-se que é necessário realizar um calendário de projetos para que a população possa se envolver nas etapas iniciais. Assim, este processo poderia ser mais eficaz e inclusivo.

Paralelamente, é recomendável que isto seja replicado para os diferentes atores envolvidos na tomada de decisões.

 

3. FAZER: muitas vezes quando se fala de um novo projeto, é mais fácil dizer do que fazer. O Gehl Institute fez uma seleção de mecanismos auxiliares à execução das iniciativas. Como começar? A publicação sugere partir com intervenções temporais que aproveitem a infraestrutura existente e que se proponham a criar mudanças a longo prazo.

4. DESENVOLVER: o início de um projeto não quer dizer que ele tenha que terminar tal qual como se projetou. Ao contrário, o seu desenvolvimento dá a opção de ir avaliando por etapas a medida que se avança. De fato, os benefícios decorrem disso, deixando uma margem de experimentação para quem está operando e permitindo uma sensibilidade com o contexto.


5. FORMALIZAR: um êxito no desenvolvimento de projetos urbanos, independentemente de sua envergadura, é realizá-los concentrando-se nas pessoas. A respeito disso, o Gehl Institute afirma que este enfoque deve ser institucionalizado e incorporado nos processos de planejamento devido ao que se demostrou ser um êxito e contribuiu para construir cidades mais equitativas, habitáveis e vibrantes.


Jan Gehl nos enche de esperança de viver em cidades melhores. Desde que a segurança ande junto com o desenvolvimento, para podermos aproveitar a vida na rua e nos parques sem estarmos sujeitos a ser assaltados a qualquer momento. Melhorias urbanísticas ajudam, mas não resolvem o problema. As autoridades, também têm que se empenhar e assumir seu papel de nos proporcionar uma qualidade de vida melhor.

Fontes:www.archdaily.com.brwww.fronteiras.com.

Aline Hespanholo Tuzzi 
AHTArquitetura e Urbanismo
Rua Piauí, 1605, São Joaquim da Barra(16) 99221-7957



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