OS EFEITOS PSICOLÓGICOS DA QUARENTENA

A opinião e dicas de psicólogas de como não surtar no período de confinamento


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Em meio à pandemia de coronavírus que se espalhou pelo planeta, muitas dúvidas surgiram sobre o assunto. Entre elas, a diferença entre isolamento, quarentena e distanciamento social, métodos que têm sido utilizados para prevenir a proliferação do vírus.


A medida de isolamento objetiva a separação de pessoas sintomáticas ou assintomáticas, em investigação clínica e laboratorial, de maneira a evitar a propagação da infecção e transmissão local. O isolamento pode ser prescrito por até 14 dias, por um médico ou agente da vigilância epidemiológica. O tempo pode aumentar caso exista algum resultado laboratorial que comprove a necessidade. É preferencial que o isolamento seja em casa, mas, dependendo do caso e do estado do paciente, ele pode ser realizado em algum hospital.


A quarentena tem como objetivo garantir a manutenção dos serviços de saúde em local certo e determinado. A medida é adotada por até 40 dias, podendo ser estendida, e seu objetivo é diminuir a transmissão na comunidade e garantir que os serviços de saúde continuem funcionando sem superlotações. Ela é determinada pelo Secretário de Saúde do Município, do Estado ou do Distrito Federal, pelo Ministro de Estado de Saúde ou algum órgão ou representante superior. O não cumprimento da quarentena pode gerar responsabilização prevista em Lei.


O distanciamento social consiste na adoção de ações voluntárias para evitar contato físico com outras pessoas e aglomerações, contribuindo para uma menor disseminação do vírus. O cancelamento ou adiamento de eventos de grande porte e/ou fechamento de lojas e estabelecimentos comerciais são medidas que podem ser tomadas. Não frequentar locais lotados, sistema de produção home office, evitar pegar transporte público em horário de pico, não cumprimentar com beijos ou abraços, miar a balada e manter uma distância de pelo menos um metro um do outro também estão na lista.



Seguir essas medidas e conseguir se manter seguro dentro de casa pelos próximos dia é a recomendação ideal, mas deve-se entender que não é tarefa fácil manter a tranquilidade e, em alguns casos, a sanidade com tamanho confinamento repentino.


Já listamos aqui dicas para ter uma quarentena mais leve, livre de stress e ocupando a cabeça, fugindo do tédio com atividades culturais online. Hoje consultamos a opinião de três psicólogas renomadas da região, Angélica Sarri, Adriana Meneghini e Paula Gopfert Orsatti. 


“As notícias chegam, não há como evitar. Não pensar sobre elas também beira a alienação. Penso que a quarentena nos convida, assim como a vida (só não nos damos conta disso), a fazer com aquilo que nos escapa, a dançar com o improviso, ao reinventar. Já dizia Guimarães Rosa ‘viver é um rasgar-se e remendar-ser’. Que saibamos, ainda que com pouco e com que nos é possível nesse momento, ‘remendarmo-nos’”.

por Angélica Sarri.


“Realmente estamos vivendo dias difíceis, uma situação que gera insegurança e angústia. Mas é importante colocarmos limites na enxurrada de informações que recebemos o tempo todo, senão enlouquecemos. Devemos nos informar sobre o que está acontecendo, mas com fontes seguras e sem que isso nos deixe ainda mais ansiosos. É importante aproveitar esse recolhimento para pensarmos sobre nós mesmos, nossos vínculos com o outro, com o planeta, com a vida, mas de forma que nos prepare para uma ação construtiva e de esperança. Se ficamos mergulhados no ruim, sem uma reflexão, apenas como meros receptores de informação, podemos ficar paralisados e não transformar nossa dor e angústia em aprendizado. Que possamos sair dessa situação diferentes, mais conscientes, valorizando mais a vida e os afetos. Que toda nossa angústia nos ajude a crescer como seres humanos.” por Adriana Meneghini.


“Em uma rotina normal, adultos e crianças ficam mais tempo fora de casa do que dentro. É necessário um reaprendizado que precisa ser feito para uma mudança de comportamento. É preciso aprender a ficar consigo próprio. O primeiro desconhecido somos nós mesmos. A gente tem que tomar cuidado para conseguir vencer o medo, o pânico .

O ser humano tem necessidade de pertencimento a um grupo. Quando ele fica isolado, tem medo de ficar por fora de tudo o que está acontecendo. Então a primeira coisa que ele faz é ficar com a televisão ligada, internet em noticiário o tempo todo. Ter distanciamento para separar aquilo que te serve e o que não te serve. A paranoia, ou seja uma consciência paralela, uma outra consciência que toma conta de nossos pensamentos de maneira irracional, é muito comum nesses momentos. Esse pensamento toma conta da gente e nos paralisa. O que provoca uma noção de insuficiência e medo de não ser capaz de enfrentar todos os problemas, gerando ansiedade. Temos que aprender a ficar no presente. O desconhecido e o futuro é como o vírus,  não temos que travar uma guerra com ele, e sim, aprender a lidar. Em vez de ter a ilusão de matar o vírus, tentar manter a confiança em seu sistema imunológico, ficar em casa é acreditar em tudo o que você tem de bom  de abundância e tudo o que você pode aprender.
Sempre reclamamos que não temos tempo para fazer as coisas, para ler, para fazer exercício, para falar com amigos, ficar com a família. Aprender a lidar e organizar o tempo nos fortalece. Isso serve também para organizar a casa, os armários, os relacionamentos, a vida externa e interna.  Criar uma rotina dentro da casa também é muito importante. A pior solidão é aquela onde você não encontra você mesmo.”

por Paula Gopfert Orsatti.  




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