LIVE COM DR. CARLOS TOLOI - TESTES E TRATAMENTOS PARA A COVID-19
Veja as principais questões que foram abordadas na live da Inside com o Dr Carlos Toloi
Na última segunda-feira (04) a Inside realizou uma live no perfil do Instagram com o médico endoscopista, Dr. Carlos Eduardo Toloi, com o tema COVID-19 - TESTES E TRATAMENTOS.O médico é gastroenterologista, nutrólogo e um dos organizadores do comitê de médicos dos protocolos de covid-19 da Santa Casa de São Joaquim da Barra.
Dr. Carlos esclareceu as principais dúvidas sobre assunto, explicou como funcionam as amostras coletadas e como são realizados os diagnósticos.
Atualmente São Joaquim da Barra conta com 7 casos confirmados (acumulados) e 4 pacientes internados, estando 2 na Unidade de Tratamento Intensivo – UTI. (Atualização de 06/05 - 01 paciente em UTI).
Confira as principais questões que foram abordadas na live.
INSIDE - Como estão
os pacientes internados na UTI atualmente?
DR. CARLOS TOLOI - Estamos com
2 pacientes em caso grave, isolados em uma das nossas UTIs separadas
exclusivamente para o tratamento do coronavírus. Um deles está em estado mais
agravado, chegou inclusive a fazer traqueostomia, já o outro teve uma melhora e
saiu do respirador. Temos mais dois pacientes na enfermaria, mas não em estado
grave. Ambos testaram negativo para o coronavírus, mas isso não interfere no
tratamento, receberão a mesma atenção e cuidados.
INSIDE - Como são
feitos os tratamentos?
DR. CARLOS TOLOI - É muito
individual. Podemos usar alguns protocolos já preestabelecidos, mas depende
muito dos sintomas do paciente. Se ele possui insuficiência respiratória, ele
será tratado com insuficiência respiratória.
Depende muito da evolução dos quadros.
INSIDE - Que tipos de amostras são
coletadas nos testes?
DR. CARLOS TOLOI - A gente orienta o
paciente a procurar o Hospital em casos que estão com prostração, ou seja, uma
queda brusca no estado geral ou franqueza, ou um quadro de dispneia, falta de
ar intensa. Se o paciente não chegar nesses estágios, ele será triado e então
veremos o que deve ser feito. Às vezes o paciente chega faz o raio-X, a
tomografia, o exame de sangue e os resultados não são compatíveis com o
coronavírus. Esses pacientes não chegam a realizar o teste. Caso tudo indique
que ele possa ter coronavírus, temos dois testes possíveis: o PCR, que é um
teste biomolecular, que age como uma pesquisa genética buscando o vírus na
amostra, e o teste rápido. Normalmente o PCR é feito nas vias aéreas, onde usamos
um cotonete no nariz e coletamos o material. Após isso, mandamos para o
laboratório.
Já os testes rápidos possuem um índice muito grande de
falsos negativos . Então nós usamos aqui na Santa Casa mais como uma medida
para os agentes de saúde. Não significa que testou negativo e ele não esteja com
o vírus.
INSIDE - Como funciona o teste rápido?
DR. CARLOS TOLOI - Ao contrário do
PCR, que é realizado uma pesquisa do vírus, o teste rápido pesquisa a formação
do anticorpo do paciente. Se o paciente já criou anticorpos do coronavírus, ele
pode dar positivo no teste. Mas com relação à Covid-19, é tudo muito novo, não
sabemos ainda o tempo que um paciente demora pra criar esses anticorpos, se
todos eles criam, se possuímos os pacientes que não criam, qual a carga viral
necessária...
Há uma página do governo que catalogou todos os laboratórios
que estão habilitados a realizar o exame, assim como as marcas de testes
rápidos. Não temos testes rápidos com 100% de certeza, eles variam em diversos
quesitos, como sensibilidade e precisão. Inclusive farmácias credenciadas podem
realizar esses testes e alguns laboratórios joaquinenses também já possuem.
INSIDE - Todas as amostras de PCR são
mandadas para o Instituto Adolfo Lutz, em Ribeirão Preto?
DR. CARLOS TOLOI - Inicialmente sim, mas atualmente as coisas mudaram. Já
temos outros laboratórios credenciados.
INSIDE - Casos de AVC em pacientes
jovens aumentaram muito por conta da Covid-19. Por quê?
DR. CARLOS TOLOI - Isso faz parte da patogenia da doença. O problema da
Covid-19 é a resposta imunológica que o vírus causa no nosso organismo, não o
vírus propriamente dito.
INSIDE - O Vírus
permanece no corpo?
DR. CARLOS TOLOI - Se ele não tiver uma mutação, ele morre. O vírus tem um
período, ele fica no corpo por um certo tempo, depois disso ele morre sozinho,
assim como um resfriado.
INSIDE - Qual o período ideal para realizar os testes?
DR. CARLOS TOLOI - O PCR, por exemplo, só irá dar positivo a partir do 3º
dia de sintoma. Antes disso, às vezes não vale a pena realizar o teste. Pode
ser que o paciente, antes disso, teste negativo, depois de uns dias, coletamos
de novo e ele testa positivo. Já o teste rápido é recomendável que a pessoa
realize após 10 dias de sintomas.
INSIDE - Quanto tempo demora para o PCR ficar pronto?
DR. CARLOS TOLOI - Hoje em dia, o sequenciamento do DNA, a pesquisa viral é
muito rápida, mas o que acontece é que são muitas pessoas pedindo. Estamos com
105 mil casos, com o grande centro em São Paulo, ou seja, a demora é muito grande,
é impossível ter a agilidade esperada. Chegamos a ter atrasos de um mês. Vimos aí, recentemente o caso de uma paciente
aqui de São Joaquim da Barra que fez duas coletas no mesmo dia, uma foi mandada
para o laboratório da Santa Casa, que deu o resultado em 2 dias, a outra
enviada para outro laboratório, demorou 30.
DR. CARLOS TOLOI - Eu não sei te dizer. Tudo depende de como foi feita a
coleta e armazenamento. Na realização da coleta, às vezes temos pouca secreção
e não aponta o vírus. Assim como o armazenamento e o tempo de espera que a
amostra leva para ser analisada também influenciam. Muitas coisas podem
interferir. O corpo humano não é exato, não é uma matemática. Inclusive para
tratamentos. Às vezes têm pacientes que respondem bem a alguns tratamentos,
outros não. O mundo todo tem sofrido com ineficácia de diagnósticos. Há
países de primeiro mundo com os mesmos problemas que os nosso, com conflitos de
resultados. Mas se o exame PCR der positivo, não tem como haver outra causa,
ele é muito preciso.
INSIDE - Como você
acha que isso irá terminar?
DR. CARLOS TOLOI - Acredito que vai passar. Essa doença assustou bastante.
Forçou-nos a fazer coisas que não imaginávamos, como isolamento social. Mas
isso vai passar. Acredito que quase todos terão contato com esse vírus. A ideia
que temos agora é evitar que todos peguem ao mesmo tempo. Uma coisa é chegar
um, dois, três casos. Outra é aparecer 20,30 de uma vez. Mas do ponto de vista da saúde, isso vai
passar.
INSIDE - Você poderia
nos dar dicas de como manter a imunidade?
DR. CARLOS TOLOI - Antes da quarentena, muitas pessoas não se preocupavam
tanto com isso ou ao menos não viam a real importância, e isso é um fenômeno crônico.
Ao falarmos de imunidade, temos que falar de atividade física, de sair do sedentarismo,
dormir bem, esse último, inclusive, um fator primordial, que realiza a
renovação das células. Temos também que ver o manejo do estresse, porque
problemas nós todos iremos ter, mas o que importa é a forma como iremos lidar
com eles, o treinamento do raciocínio. Mas de uma maneira geral, temos que
pensar na alimentação, nos cuidados com a qualidade de vida, manter o peso
ideal... todas as medidas que já conhecemos. Evitar produtos industrializados,
muitas vitaminas também interferem positivamente no organismo, como a vitamina C,
vitamina D, as do complexo B... B6, B12, o selênio, cálcio, zinco... então tem
muita coisa, mas o básico é um controle para uma alimentação saudável.
Mas nunca esquecendo da parte emocional, que é primordial. Realiar o manejo do
estresse. Essa situação incerta de como serão as coisas pós- quarentena, isso
deve ser administrado.
INSIDE - E quanto às
caminhadas? Pessoas têm feito muito isso. É adequado?
DR. CARLOS TOLOI - O grande problema é aglomeração. Postei nas minhas redes
sociais a respeito das academias. Sabemos os grandes benefícios que ela traz,
tanto físicos como emocionais, mas elas não estão podendo funcionar. Já a
respeito das caminhadas, deve haver alguns cuidados, como andar de máscara, dar
uma distância, em média de 5 metros, entre as pessoas e evitar os horários de
pico. Mas não creio que a proibição seja viável, pois precisamos dela para o
corpo e para a mente.
INSIDE - Pessoas com
a Covid-19 podem caminhar?
DR. CARLOS TOLOI - Depende muito dos
sintomas. Se ele tiver com febre, mal estar, não tem porque realizar qualquer
tipo de atividades físicas.
INSIDE - Quanto tempo você acha que dura tudo isso ainda?
DR. CARLOS TOLOI - Olha, eu ouso dizer que estamos apenas começando. Estão
chegando os casos agora. Há 15 dias tínhamos 2 casos. Mas foi correto o que foi feito, esse
isolamento lá atrás, isso evita o estrangulamento hospitalar. Eu estava olhando aqui a taxa de óbitos no
Brasil, que está em torno de 6,9%, esses números a gente deve analisar com cuidado.
Esses óbitos são feitos em pacientes que estão com o diagnostico já confirmado,
mas quando a gente pensa que a grande maioria não chegou a fazer o teste, temos
muito mais pacientes com vírus, e essa porcentagem no caso cairia.
PERGUNTAS DOS
ESPECTADORES:
INSIDE - Se houver
sintomas leves, como de febre, devemos dar preferência para qual tipo de remédio?
Asperina, Tylenol...
DR. CARLOS TOLOI - Eu gosto muito do Dipirona. O grande problema é que o Paracetamol
prejudica muito o funcionamento hepático, então eu quase opto pelo dipirona.
INSIDE - O sol ajuda na imunidade?
DR. CARLOS TOLOI – O sol é muito importante na formação da vitamina D, que tem papel fundamental na imunidade. Vale a pena tomar sol.
INSIDE - Pessoas alérgicas à poeira
estão no grupo de risco?
DR. CARLOS TOLOI - Qualquer pessoa com algum tipo de doença pulmonar está
no grupo de risco. Uma rinite, uma asma, acomete o pulmão, órgão afetado pela
Covid-19. Então uma pessoa que possui esses problemas, já não tem um
funcionamento do órgão como o de uma pessoa normal.
INSIDE - Existem remédios que devem ser
evitados em caso de suspeita da doença?
DR. CARLOS TOLOI - O Ibuprofeno, que
é um antiinflamatório, deve ser evitado, ele é muito comum, muito utilizado e
fácil de ser comprado nas farmácias. Já o caso dos corticoides como a Predinisona,
o Predsim, eles podem acabar diminuindo a imunidade de acordo com a dosagem, então
eles devem ser tomados com indicações médicas, em caso de dúvidas o médico deve
ser consultado.
INSIDE - Um paciente que testou positivo para coronavírus pode vir a dar
negativo depois?
DR. CARLOS TOLOI – Sim. Mas se ele
testou positivo para o PCR, ele teve contato com o vírus, isso não há duvidas.
Suponhamos que depois de um ano ele refaça o exame, provavelmente teremos um resultado
negativo.
Confira abaixo a live na íntegra.