ALISON DOS SANTOS SE CONCENTRA PARA TÓQUIO
Conheça a trajetória do Alison dos Santos (Piu) um atleta que fez das pistas uma grande aliada para vencer as próprias barreiras
Alison dos Santos, para muitos, um nome desconhecido, mas no atletismo brasileiro, a maior revelação, com grandes chances de trazer o ouro para o Brasil nas Olimpiadas de Tóquio, na prova de 400m com barreiras.
Com apenas 21 anos, Alison, ou Piu, como é conhecido, vem quebrando recordes e conquistando medalhas numa trajetória de vitórias sucessivas.
Em 2018 foi bronze no Mundial Sub-20, na sequência foi campeão sul-americano adulto, panamericano sub 20, ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 e na Universíade. Além disso, Alison bateu sua melhor marca pessoal sete vezes dois anos atrás, melhorando-a em 1s50, além de quebrar sete vezes o recorde sul-americano sub 20.
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Em plena pandemia, Piu iniciou o ano olímpico em março com a meta de romper a barreira dos 48 segundos nos 400m com barreiras masculino - algo muito difícil, mas imprescindível para quem sonha com uma medalha olímpica. Pouco tempo depois, não só atingiu a meta como a dobrou.
Após ter levado uma medalha de ouro com 48s15 em um tradicional torneio de atletismo nos EUA em abril e ter ajudado o revezamento 4x400m misto (prova sem barreiras e na qual não é especialista) a conquistar a medalha de prata no Mundial de Revezamentos, Alison participou de um torneio nos EUA em maio e fez 47s68, quebrando assim o recorde brasileiro, que pertencia a Eronilde Araújo (48s04) desde 1995, e o sul-americano, que era do panamenho Bayano Kamani (47s84) desde 2005, levando a medalha de bronze.
O atleta baixou o tempo mais duas vezes e levou duas pratas em maio e em junho: 47s57 na Etapa de Doha da Diamond League e 47s38 na Etapa de Oslo. Poucos dias depois, fez incríveis 47s34, a 14ª melhor marca da história dos 400m com barreiras, e levou a medalha de ouro na Etapa de Estocolmo. Esse tempo, por sinal, lhe daria o título olímpico na Olimpíada do Rio em 2016. Na etapa de Mônaco da Diamond League, Alisson foi prata com 47s51.
HISTÓRIA
Nascido em São Joaquim da Barra, Alison cresceu no bairro Júlio de Lollo, brincando de bolinha de gude, jogando bola na quadra e soltando pipa na rua.
Seu primeiro desafio na vida foi superar um acidente doméstico com uma panela de óleo quente, quando tinha apenas dez meses de idade. O acidente deixou uma grande cicatriz em sua cabeça, e outras menores no braço esquerdo e no peito. Devido à isso, ele possui uma falha no cabelo.
Quem pensa que essa será a primeira olimpíada de Piu se engana. Na adolescência ele participou em equipe de uma olímpiada de matemática em Uberaba pela escola em que estudava, a Genoveva Pinheiro Vieira de Vitta, pegando a terceira colocação.
Antes de conhecer o atletismo, também praticou judô no projeto de Branco Zanol, chegando a participar de campeonatos.
A trajetória no atletismo começou em 2014 no projeto social Correndo Para Vencer, do Instituto Edson Luciano Ribeiro. Alison é da mesma geração de atletas que revelou a Ritinha (Leia sobre aqui), e foi descoberto pela treinadora do projeto, a Ana Fidélis, que também foi sua grande incentivadora nos campeonatos.
Mesmo com pouca idade, Piu demonstra maturidade, provando que o menino do projeto social cresceu não só nos recordes, mas como ser humano. "Cada vez mais eu quero levar o nome do Brasil, da minha cidade, da minha família pro mundo, mostrar que eu, moleque do interior, criado numa família humilde, que vem de um projeto social, chegou nos jogos olímpicos... e tipo, não ser só um ponto de referência e falar que quero chegar ali, mas também de dar e mostrar como chegar ali, de incentivar, de mostrar e estar presente, acho isso muito importante".
De toda a sua trajetória podemos esperar que Alison proporcione para o Brasil um momento épico neste ano de 2021. São Joaquim da Barra estará em peso nas próximas semanas torcendo por sua vitória.